10.15.2006

Excerto da Entrevista do Dr. Caldas Afonso ao Expresso de Felgueiras

"O movimento Sempre Presente entendeu que as nossas propostas eram desejáveis para Felgueiras. Muito daquilo que resulta das propostas que têm sido aprovadas são propostas que são nossas. Há muita agenda política que chegou ao executivo que foi alterada e reformulada por nós. Se existe colaboração é de ambas as partes. Quem está a contribuir para a agenda política de uma maneira decisiva é o PSD, porque nós temos sentido da responsabilidade e porque nós sabemos que o movimento Sempre Presente se esgota na Dra. Fátima Felgueiras. A actual presidente seguramente que não vai ser candidata nas próximas eleições e, portanto, a responsabilidade é do PSD, que está no patamar para assumir as responsabilidades da gestão na autarquia. Assim, tem de dar às pessoas um sentido de responsabilidade e não fazer uma política de terra queimada como sempre foi apanágio nos últimos anos.

EF – Porque diz que a Dra. Fátima Felgueiras não se vai recandidatar. Tem algum dado concreto que aponte nesse sentido?

CA – É a minha leitura fruto de vários sinais. A nossa estratégia tem de ser consentânea com os sinais e com aquilo que nós achamos que vai ser o futuro de Felgueiras. Como estamos no arco de poder, temos de ter responsabilidade e estar preparados para assumir o poder. Eu não quero assumir Felgueiras como um Líbano. Quero assumir Felgueiras, tentar recuperar muito do atraso que já existe. Não quero contribuir para esburacar e a desfazer o meu concelho.
“Tudo o que seja palco, que tenha a ver com acções da Câmara, os vereadores do PSD estarão lá sempre”.

EF – Outro episódio que foi criticado por alguns sectores do PSD foi a vossa aparição como apresentadores do Descalço, juntamente com os elementos da maioria. Algumas pessoas diziam que essa vossa atitude significava “conivência” com aquilo a que alguns chamam populismo da actual presidente de Câmara.

CA – Esse é um bom exemplo de desinformação. Há pessoas que só estão preocupadas em desinformar. A Descalço é das organizações promovidas pela Câmara que mais interesse tem. O calçado hoje em dia é moda e ainda bem que os industriais de Felgueiras rapidamente entenderam isso, transformando uma mão-de-obra intensiva num elemento em que incorpore tecnologia, design e moda (…).

EF - Mas eu não lhe coloquei essa questão. Eu queria que comentasse a vossa participação na Descalço…

CA –Este é um dos eventos em que, e muito bem, a Câmara tem estado na promoção naquilo que de bom é feito em Felgueiras e com estilistas, rapazes de Felgueiras, formados nas nossas escolas. Se não estivéssemos presentes, seria uma falta de respeito para com os industriais, que nós também pessoalmente contactamos para participarem neste evento, que era decisivo para o desenvolvimento económico de Felgueiras. Tudo o que seja palco, que tenha a ver com acções que sejam da responsabilidade da Câmara, os vereadores do PSD estarão lá sempre. Não vão abandonar as pessoas.

EF – Não está em causa e realização do evento. A questão que as pessoas colocam é a vossa aparição como apresentadores de um evento. Muitas pessoas não concordam que um evento dessa natureza seja apresentado pela presidente de Câmara e muito menos com a associação dos vereadores do PSD.

CA – Sabe quanto custou a organização do evento do ano passado? Custou 20 mil contos. Desde logo pelo preço que se pagou para ser uma senhora qualquer a fazer a apresentação. Nós não somos suficientemente ricos para isso. Nós temos de ter a humidade suficiente para saber que podemos, de facto, apresentar aquilo que temos de bom. Não me cai nenhum galão por causa disso. Não me ponho em bicos de pés. Quando é para defender o interesse do meu concelho estarei sempre presente. É minha obrigação estar presente. A partir do momento em que a escola profissional encontrou este modelo e a partir do momento em que uma parte dos vereadores iam estar presentes, decidimos estar sempre onde estiver a Câmara Municipal. Nós vamos cortar com aquilo que era o passado. Os vereadores têm de estar em todos os eventos protagonizados pela Câmara. Eu tenho noção que se poderia colocar alguns constrangimentos. Mas, acima de tudo, para nós era importante estarmos, e não dar só o palco a determinado tipo de pessoas.

EF – Mas não haveria pessoas em Felgueiras com vocação para fazer esta apresentação?

CA – É um evento organizado pelo executivo.

EF – Concorda portanto com a estratégia seguida?

CA – É um fait divers, é querer arranjar problemas onde eles não existem.
“Era estratégico para Felgueiras uma candidatura ao parque tecnológico”.

EF – Mudando de assunto. Em relação à sociedade anónima para a gestão da zona de acolhimento empresarial de Várzea. Vocês votaram a favor, apesar de não estar acautelada a participação de nenhuma empresa de Felgueiras?

CA – Não é verdade aquilo que disse. A nossa primeira prioridade do nosso manifesto eleitoral era a revitalização económica. Felgueiras tem cinco mil desempregados, que é uma coisa assustadora. Nós temos de estar preocupados em ajudar esses milhares de famílias. Nós tínhamos um modelo em que pretendíamos incorporar uma incubadora de empresas, que tinha como principal finalidade as áreas da formação e das novas tecnologias em pareceria com algumas universidades. Foi por isso que participamos activamente neste processo. Pensámos que era estratégico para Felgueiras uma candidatura que fizemos para o parque tecnológico. Uma candidatura que aproveitasse a centralidade de Felgueiras na NUT do Tâmega. Estamos em concorrência directa com um grupo de municípios muito poderosos, que também têm uma candidatura nacional dentro desta mesma lógica. Acoplada a esta candidatura, há um projecto interessantíssimo com um investimento de 3,5 milhões de euros. Conseguimos sensibilizar para Felgueiras três grandes multinacionais que aderiram a este projecto. Este projecto não se esgota aí. É fundamentalmente para promover a indústria tradicional de Felgueiras e, portanto, esse projecto está aberto à participação de Felgueiras. E algumas empresas já manifestaram interesse em participar.

EF – Mas a Câmara só vai ter 10 por cento do capital?

CA – A CM não tem capacidade financeira de quatro milhões de contos para promover este investimento.

EF – Mas já investiu muito dinheiro em infra-estruturas?


CA – De certeza que a Câmara não gastará nem mais um cêntimo e está previsto um retorno de, pelo menos, 700 mil contos.

EF – Em que sentido?

CA – Pelas infra-estruturas que já existem. É um activo que tem de ser compensado. Além disso, é importante encontrar uma solução para as infra-estruturas já existentes, que estavam a ficar degradadas. Além disso, estamos a criar emprego e a criar riqueza, estamos a potenciar a empresas tradicionais de Felgueiras. Só como mais um fait divers é que alguém possa estar contra um projecto desta dimensão. Só espero que seja realidade em Felgueiras, porque vai ajudar de uma maneira significativa a resolver grande parte dos constrangimentos dos cinco mil desempregados que existem.

EF – Como é que vê estas resistências por parte de pessoas que estiveram consigo na sua candidatura?

CA – Não vejo ninguém que tenha essa postura. Eu sou muito bem intencionado. Eu não quero estar a pessoalizar. Eu acho que as pessoas responsáveis e que estiveram comigo querem o melhor para Felgueiras. Desinformação, com certeza que há pessoas que alimentam isso, mas isso vale o que vale.

EF – Há aqui no PSD duas visões distintas sobre aquele que deve ser o vosso papel no executivo, uma de maior oposição e outra de maior colaboração com o poder. Estamos a poucos meses de eleições para a liderança do partido. Não receia que a situação possa ficar mais complicada para os actuais vereadores se a próxima liderança for ainda mais hostil à Câmara?

CA – Não estou minimamente preocupado com essa questão. O compromisso que tenho para com as pessoas que votaram em nós é que o programam eleitoral seja realizado o máximo possível. Outras questões laterais, de lutas políticas, de listas, não me preocupam nada. Eu não tenho interesses políticos, interesses instalados, eu não tenho um metro de terra para urbanizar, não represento interesses indirectos de ninguém, penso pela minha cabeça. Esta nossa estratégia, é de responsabilidade, tem sido discutida com o presidente da distrital e com estruturas nacionais do partido. O PSD é um partido responsável.

“Faço uma apreciação positiva do executivo”

EF – Como perspectiva os próximos anos de vereação?

CA – Partimos de uma situação muito difícil. Não nos recordamos de nada com algum significado de realização no concelho. O concelho parou no último mandato, era algo que já se vinha arrastando. Estamos numa maratona, não estamos numa corrida de cem metros. Temos quatro anos pela frente, que não vão ser fáceis, até porque a conjuntura nacional e internacional é difícil. Temos sentido de responsabilidade, que nos obriga a sermos coerentes e termos a calma necessária para implementar aquilo que é vital e determinante para Felgueiras. Nós estamos a um patamar de assumir a responsabilidade política do executivo camarário. Tudo iremos fazer para que estes próximos quatro anos acrescentem mais-valia e riqueza para o concelho.

EF – Que avaliação faz do trabalho da actual maioria camarária?

CA – Todas as propostas que achamos importantes e determinantes têm tido total receptividade. Faço uma apreciação positiva do executivo, porque tem estado em consonância com aquilo que é importante para recuperar todo o atraso que herdamos.

EF – A que se deveu a sua derrota em Outubro passado?

CA – As eleições foram disputadas em condições atípicas. Tudo o que se passou gerou condicionantes que nós de todo não imaginávamos. De facto, uma lógica que tínhamos, infelizmente não se veio a efectivar. Uma coisa ficou clara. Nós conseguimos retirar o PS da esfera do poder de Felgueiras. Que nos seja dado pelo menos esse mérito. Conseguimos tornar-nos o partido maioritário em Felgueiras. O partido que era do poder ficou residual e periférico. Tenho a certeza que a nossa postura de tranquilidade e responsabilidade vai ter dividendos daqui a quatro anos."

in Expresso de Felgueiras, 13 de Outubro de 2006

6 comentários:

Anónimo disse...

Por aquilo que entendo, o Dr. Caldas Afonso pensa que será o candidato do PSD à Câmara nas próximas eleições??

Anónimo disse...

gostava que olguem da jsd dissesse aqui, publicamente, neste blog, qual a sua posição face aos vereadores do psd estarem a apoiar a populista e corrupta: Dra Fatima felgueiras

Anónimo disse...

gostava que alguem da jsd dissesse aqui, publicamente, neste blog, qual a sua posição face aos vereadores do psd estarem a apoiar a populista e corrupta: Dra Fatima felgueiras

Sex Out 20, 10:30:52 PM 2006

Marta Rocha disse...

Mais "publicamente" do que neste blog, "alguém da JSD" já disse o que pensava.

Anónimo disse...

Muito bem Marta, finalmente uma lufada de ar fresco!
Parabéns pela entrevista, adorei...

"Dos fracos nao reza a história"

Anónimo disse...

Não acham que este blog está, digamos.....um pouco parado!!!

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